quinta-feira, outubro 06, 2005
  Quando o "Cabeça de Ouro" venceu o "Aranha Negra"

Dez dias depois do seu aniversário de 20 anos, o jovem Nahum Stelmach cravou seu nome na história do esporte israelense.
Um gol de cabeça aos 21 minutos do segundo tempo fez o lendário goleiro soviétio Lev Yashin ir buscar a bola no fundo das redes. Mais de 50 mil pessoas deliraram nas arquibancadas. Atônitos, os soviéticos não imaginavam que poderiam sofrer um gol de uma seleção de quinta categoria.
Mas sofreram. E o jogo estava empatado...



Para contar a história desse confronto, é preciso voltar no tempo e buscar algumas motivações políticas e históricas. Voltemos, portanto, ao ano de 1956.

Na URSS, o clima para os judeus n'ao melhorava muito depois dos anos terríveis da ditadura de Joseph Stálin e sua perseguição sistemática aos judeus. A visita de Golda Meir a Moscou, no fim de 1948, e o entusiasmo demonstrado pela comunidade judaica “desagradaram” Stalin. O resultado foi uma intensificação da campanha antissemita no país.
Pouco antes da celebração dos jogos de Melbourne (1956), a URSS havia invadido a Hungria, fazendo com que Espanha, Holanda, Suíça, Coréia do Sul, Egito e Iraque boicotassem as Olimpíadas.
A população judaica na ex-União Soviética em 1956 passava de 2 milhões e 200 mil pessoas, cerca de 1,1% do total.

Também em 1956 (em 26 de julho), o ditador egípcio Abdel Nasser nacionalizou o Canal de Suez e proibiu a navegação de navios israelenses no local. A medida causou um grande impacto na Inglaterra, França e Israel que, então, iniciaram uma campanha militar contra o Egito. No desenrolar do conflito, os egípcios foram derrotados, mas os Estados Unidos e a União Soviética interferiram, obrigando os três países a retirarem-se dos territórios ocupados.
Ao final, o Canal de Suez voltava, definitivamente, para o Egito, mas com o direito de navegação estendido a qualquer país.

Foi nesse clima conturbado que, em 11 de julho, a ainda inexperiente seleção de futebol israelense viajou até Moscou, capital da URSS. Enfrentaria a melhor seleção da época, que ia do goleiro Yashin ao atacante Simonyan.
Oitenta mil pessoas entupiram o estádio Dynamo, em Moscou, para a primeira partida eliminatória para as Olimpíadas de 1956, na Austrália.
A bandeira israelense tremulando no estádio em Moscou foi a maior alegria de milhares de judeus soviéticos em tempos de ditadura e sofrimento. Em campo, os israelense tomaram um baile. Cinco gols soviéticos, nenhum israelense.

Vinte dias depois, o jogo da volta. Estádio Ramat-Gan, em Tel-Aviv, lotado. Os israelenses, de branco e comandados pelo técnico inglês Jack Gibons, pretendiam endurecer o jogo (apesar da classificação exigir um milagre).



Não houve milagres, mas o primeiro objetivo de Israel estava cumprido.
Primeiro tempo truncado, 0 a 0, num jogo feio e de muitas faltas. Logo aos 4 minutos do segundo tempo, Ilyin colocou os russos na frente. Parecia que a porteira estava aberta, até que...

Stelmach subiu mais alto que a zaga e marcou um dos gols mais famosos da história do futebol israelense. O país inteiro, que escutava pelo rádio a narração de Nachmia ben Avraham, vibrou com o gol como final de Copa do Mundo.
Porém, faltando 10 minutos para o fim da partida, Tatushin desempatou para os soviéticos, que se classificaram para as Olimpíadas e, numa campanha impecável, levaram a medalha de ouro ao vencer a Iuguslávia na final por 1 a 0 (gol de llyin, o mesmo que abrira o placar em Ramat-Gan).
A supremacia soviética no futebol acabaria em 1958, na Suécia, com um show de Garrincha. Mas isso é outra história...
Eis a escalação israelense no jogo histórico, em Tel-Aviv.

Hodorov - Matania, Shneor, Rabinovich, David Kremer - Boaz Kofman, Moshe Haldi,
Rehavia Rozenboim - Glazer, Nahum Stelmach, Mirmovich.

Em poucos anos, Stelmach tornou-se um dos maiores nomes do futebol israelense. Liderou o Hapoel Petach Tikva a cinco títulos nacionais consecutivos, entre 1959 e 1963 (na foto, o segundo sentado, da esquerda para a direita, no imbatível time da época).



Foi eleito por duas vezes o esportista do ano em Israel (1957 e 1959).
Com a camisa da seleção, foram 61 jogos e 22 gols, sendo 19 de cabeça (que lhe deu o apelido de "Cabeça de Ouro"). Em janeiro de 1968, jogou sua última partida pela seleção, numa derrota em casa para a Bélgica (2 a 0). Foi capitão da seleção por 10 anos, de 58 até a última partida.
Em 28 de Março de 1999, Nahum Stelmach estava na Espanha para acompanhar a partida entre a seleção da casa e a Áustria, em Valência. Aos 62 anos, teve uma parada cardíaca e faleceu.
Um ano antes, Stelmach foi eleito pelo jornal Yediot Acharonot como o terceiro melhor jogador da história do futebol israelense.

Para biografia do ex-jogador (em hebraico), clique aqui!
Para a carreira internacional de Stelmach, clique aqui!
 
Comments:
Tô adorando esse blog!! Quero mais posts! Quando e onde será o jogo da seleção contra as Ilhas Faroe?
 
Olá Joyce!
Obrigado!
O jogo contra as Ilhas Faroe será no sábado à noite (daqui de Israel), sábado à tarde no horário do Brasil.
Ontem, o primeiro-ministro Ariel Sharon se encontrou com o técnico da seleção para desejar boa sorte.
Vamo ver no que vai dar, né!
Valeu, um abraço!
 
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