De quatro em quatro anos, as melhores seleções do continente asiático se enfrentam num país-sede, em busca do troféu. O atual bicampeão, o Japão, juntamente com Irã e Arábia Saudita, são os maiores campeões do torneio: são três conquistas para cada um.
Mas o que Israel tem a ver com tudo isso?
De 1956 a 1974, a seleção israelense foi membro da Confederação Asiática de Futebol. Participou de quatro Copas Asiáticas: desde a primera, em 1956, até 1968. E não fez feio.
Nos primeiros
15 dias de Setembro de 1956, em Hong Kong, realizou-se a primeira Copa das Nações Asiáticas. Depois de uma rodada classificatória, a fase final do torneio contou com quatro seleções: Hong Kong, Coréia do Sul, Vietnã e
Israel.
O título foi decidido num quadrangular simples.
Israel viu o título ficar distante depois da derrota para a Coréia por 2 a 1, mas venceu seus dois outros jogos e garantiu o vice-campeonato.
Quatro anos depois, de 14 a 21 de Outubro de 1960, foi a vez da Coréia sediar o torneio.
Na fase classificatória, Israel venceu seu grupo (que tinha Irã, Paquistão e Índia) e foi mais uma vez ao quadrangular final. As mesmas duas vitórias (contra o Vietnã e Taiwan) e uma derrota por 3 a 0 para Coréia foram o suficiente para, pela segunda vez, Israel conquistar o vice-campeonato.
A seleção da Coréia do Sul, que disputava vaga para os Jogos Olímpicos, mandou uma equipe reserva à Israel, sede do torneio. Índia e Hong Kong completaram o quadrangular final.
Foram escolhidas quatro sedes para o torneio: Haifa, Jerusalem, Yaffo e Ramat Gan.
Na primeira partida, realizada em Ramat Gan, Israel suou para vencer Hong Kong pelo placar mínimo. Um gol do garoto Mordechai Spiegler, 19 anos, aos 31 do segundo tempo levou a seleção do técnico Gyula Mandi á liderança do grupo.
No segundo jogo, em Yaffo, 20 mil pessoas vibraram com os 2 a 0 aparentemente tranquilos que Israel aplicou sobre a seleção da Ìndia.
Spiegler (de pênalti) e Yohai Aharoni marcaram.
Até que veio a Coréia do Sul, carrasco das duas primeiras edições.
Israel fez, o que muitos dizem, o melhor "primeiro tempo" de sua história. Aos 20 minutos, Leon Moshe abriu o placar. Aos 37, o zagueiro Gidon Tish ampliou. A primeira etapa poderia ter acabado com uma vantagem israelense ainda maior, se não fosse o esquema de jogo dos coreanos: uma bem montada retranca.
No segundo tempo, os coreanos melhoraram. O atacante Li diminui aos 34, e veio a pressão.
Porém, o título estava bem próximo.
Até que o árbitro encerrou a partida. Israel campeão!!!
Eis a seleção campeã da Copa das Nações Asiáticas:
Haim Levin - David Primo, Yehezkel Katsav, Gidon Tish, Moshe Leon -
Shlomo Levi, Haim Bahar, Mordechai Spiegler -
Yohai Aharoni, Nahum Stelmach, Reuven Young.
Tornou-se, mais tarde, o maior artilheiro da história da equipe nacional.
Foram 32 gols em 83 jornadas com a camisa da seleção. Foi eleito há poucos anos o
melhor jogador história do futebol israelense!
Spiegler nasceu na Rússia em 1944, chegando em Israel aos 5 anos de idade, um depois da Independência. Cresceu na cidade costeira de Natanya, logo despontando como o maior craque da história do Maccabi local. Foi artilheiro do campeonato israelense de 1966 e 1970 e, dois anos mais tarde, tornou-se um dos primeiros israelenses a ser contratado por um time europeu.
Foi jogar no Paris Saint-German.
Um ano depois, realizou o maior sonho de qualquer jogador de futebol. Atuando pelo Cosmos de Nova York, foi companheiro de equipe de um negro alto, forte, habilidoso. Foi companheiro do melhor. Do rei. De Pelé.
Nos próximos posts, mais sobre a brilhante carreira de Spiegler, que não acaba por aqui.
Spigler faria ainda muito mais pelo futebol israelense, liderando a seleção em sua primeira e única Copa do Mundo. Aguardem.
ps: Ontem, o Maccabi Petach Tikva estreou com derrota na fase de grupos da Copa da UEFA.
Jogando em casa, foi derrotado pelo Palermo, da Itália, por 2 a 1. Merecido.
Assisti à partida e, convenhamos, o Maccabi esteve bem abaixo do que vinha produzindo nas últimas partidas. Fora o gol "achado" de Omer Golan no final do primeiro tempo (que levou o empate ao vestiário), o time de Petach Tikva quase nada produziu.
O jogo estava tão morno que a televisão israelense, em alguns momentos, prefiria mostrar, na arquibancada, a esposa do treinador do Maccabi.
Uma bela loira, sejamos francos.
Abaixo, a derrota do Maccabi Petach Tikva.